segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

Câncer do colo do útero

Câncer do Colo do Útero
É no Brasil, um dos cinco primeiros cânceres na taxa de mortalidade.

Taxa bruta de mortalidade por câncer de algumas localizações primárias
Brasil - Mulheres, 1980 - 1996

Fontes: Ministério da Saúde: DataSus, SIM, INCA; e IBGE: DEPE/DEPIS

A taxa bruta de mortalidade para o câncer de colo do útero é de 8,68 / 100.000 mulheres (X), levemente inferior à do câncer de mama , que é de 9,18 / 100.000 X. O contraste está no fato do câncer do colo ser hoje previnível com o exame de Papanicolaou.

O número de casos novos de câncer do colo do útero para 1999 foi de 20.652 o que corresponde a taxa bruta de incidência de 26,28 /100.000 X. Dados somente ultrapassados pelo do câncer da mama com 31.200 casos novos e taxa de 39,58 / 100.000 X.
Estimativa do número de casos novos e da taxa bruta de incidência de câncer, segundo localização primária e distribuição percentual.
Brasil - 1999
 Homens e Mulheres

Localização
primária

N° de casos novos

Distribuição percentual

Pele, não melanoma

35.950

Mama

31.200

Colo do Útero

20.650

Estômago

20.350

Pulmão

19.600

Cólon e Reto

19.050

Próstata

14.500

Boca

7.950

Bexiga

7.550

Esôfago

7.000

Corpo de Útero

5.450

Pele, melanoma

3.850

Outras

68.800


Ocupa o terceiro lugar em incidência entre todos os cânceres em ambos os sexos.



Ocupa o terceiro lugar em incidência entre todos os cânceres em ambos os sexos.

É preciso estabelecer o conceito que o útero apresenta duas estruturas diferentes em um órgão só. O colo do útero é a abertura da cavidade uterina, onde o feto se desenvolve. O colo liga o útero a vagina também chamada de canal do parto.

Os tipos de cânceres são diferentes desde que os tecidos que revestem os duas estruturas são diferentes.

Tem um crescimento lento. Antes de chegar ao estado de câncer invasor, passa por etapas evolutivas do desenvolvimento do câncer.

Etapa inflamatória também chamada de cervicite (cervix = colo). A seguir, se não diagnosticada ou tratada, pode evoluir para a chamada displasia, etapa em que as células apresentam características anormais importantes. O Papanicolaou, realizado nesta fase, detecta as mesmas. Estas, quando não diagnosticadas e tratadas, evoluem para áreas adjacentes do colo e podem constituir cânceres localizados (In Situ) e/ou invasivos.

Para se ter uma idéia do conceito de invasão, é necessário compreender como o tecido que reveste o colo do útero e seu canal, está constituído.

O colo do útero apresenta dois tipos de tecido de revestimento conforme a região do mesmo. É composto de duas regiões:

- Superfície externa do colo = exocérvice e

- Canal do colo = endocérvice



Na figura 1 pode-se ver o colo do útero por imagem obtida através do exame ginecológico. A figura 2 é um corte esquemático da transição entre o exo e o endocérvice. Observa-se que o tecido de revestimento entre as duas regiões muda de configuração. Na exocérvice é formado por múltiplas camadas, com a membrana basal limitando as células da superfície da camada mais profunda, composta de vasos sanguíneos, linfáticos e tecido de sustentação. Na endocérvice o tecido de revestimento é composto de uma única camada de células.

Quando o câncer está limitado a superfície, não ultrapassando a membrana basal, é denominado de "carcinoma in situ". Ocorrendo a rotura da membrana e invasão do estroma, torna-se um câncer invasivo.

Os sinais e sintomas que acompanham essas transformações nem sempre estão presentes, tais como, corrimentos vaginais, sangramentos, dor ao coito e outros.

Para detectar essas alterações é necessário realizar o teste de Papanicolaou. Foi idealizado por um médico grego, que viveu nos Estados Unidos, chamado Georges Papanicolaou. Através dos estudos das células que se descamam da vagina e do colo do útero, durante o ciclo menstrual, obtidas no exame ginecológico, de uma forma totalmente indolor, através de uma espátula de madeira ou pequena haste com uma escova na ponta. As células são colocadas em uma lâmina de vidro, coradas pelo método de Papanicolaou e visibilizadas no microscópio.

De acordo com suas características, são classificadas em grau I até V.

Grau I e II determinam células normais ou com alterações inflamatórias que devem ser tratadas ou não.

Grau III significa alterações caracterizadas como displasias ou, denominação preferida atualmente, Neoplasias Intraepiteliais Cervicais - N.I.C. Podem ser sub divididas em I, II e III ou chamadas de displasias leve, moderada ou grave.

Grau IV compreende o Carcinoma In Situ.

Grau V é o câncer invasor.

As etapas evolutivas do câncer do colo são:



INVASOR

Não há obrigatoriedade na seqüência. Isto é, há casos que evoluem diretamente de uma lesão, por exemplo, inflamatória ou chamada cervicite, para carcinoma, seja in situ ou invasor.

Porém, grande maioria, percorre essas etapas.

Quando o Papanicolaou vem alterado, é necessário realizar uma biópsia, que consiste na remoção de um pequeno fragmento do colo.

Esse fragmento, corado por técnicas especiais no laboratório de anatomia patológica, dará informações relativas a gravidade do problema.

Determinado a presença de um carcinoma, há necessidade de proceder ao estudo da extensão da doença.

É o chamado ESTADIAMENTO do tumor. Ele determina o modo de tratamento e o prognóstico ou como será a evolução da doença.

Pode ser:

ESTADIO O ou carcinoma in situ

As células anormais estão localizadas no tecido de revestimento, sem invadir a membrana basal.

ESTADIO I - localizado somente no colo do útero.

ESTADIO IA - O câncer é visível somente ao microscópio. Sua extensão não ultrapassa 7 mm na superfície e 5 mm na profundidade de invasão.

IA1: Invasão do estroma menor que 3 mm em profundidade e 7 mm em extensão superficial.
IA2: Invasão do estroma maior que 3 mm e menor que 5 mm em profundidade e menor que 7 mm em extensão superficial.


ESTADIO IB - É visível ao exame ginecológico.

ESTADIO II - O câncer estende-se além do colo.

ESTADIO IIA - Atinge a vagina podendo ir até os 2/3 superiores.

ESTADIO IIB - Estende-se aos tecidos de sustentação do colo=paramétrios.

ESTADIO III - Pode atingir o terço inferior da vagina ou a parede pélvica. Também podem determinar o bloqueio dos ureteres (estrutura tubular que liga o rim à bexiga).

ESTADIO IIIA - Atinge o terço inferior da vagina.

ESTADIO IIIB - Estende-se e fixa-se a parede pélvica.

ESTADIO IV - O tumor ultrapassa os limites da pélvis e/ou podem apresentar metástases à distância.

ESTADIO IVA - Invade bexiga e/ou reto

ESTADIO IVB - Metástases para outras partes do corpo ( ossos, pulmões, cérebro etc...)



RECIDIVA

O termo refere-se a eventualidade do câncer voltar a manifestar-se após ter sido tratado. Pode reaparecer no colo do útero ou em outro local do organismo.

TRATAMENTO

Pode-se tratar todos os cânceres de colo em seus diversos estádios.

Os tipos de tratamento englobam:

Cirurgia
Radioterapia
Quimioterapia
A cirurgia pode ser:

Conização - utilizada para casos de câncer em sua fase inicial (N.I.C.). Consiste na retirada através de um bisturi, chamado de alta freqüência, de uma porção do colo do útero que, através da análise pela colposcopia, contém a área tumoral, junto com tecido normal adjacente.
Amputação cônica do colo do útero - utilizada para as mesmas circunstâncias da conização nas quais as margens de segurança do tumor devem ser maior. Assim, praticamente, remove-se todo o colo do útero. Significa a remoção da superfície externa do colo, em formato cônico, até o orifício interno do mesmo que formaria o ápice do cone.
Esquematicamente temos,





Histerectomia radical (também chamada "cirurgia de Wertheim - Meigs ") , idealizada por dois cirurgiões - Ernest Wertheim e Joe V. Meigs. Compreende a retirada do útero com seus ligamentos de suporte, o chamado paramétrio, acima representado), trompas, ovários, um segmento da vagina ( 1/3 superior da mesma) , os linfonodos pélvicos bilateralmente.
Alguns casos selecionados, mulheres com tumores pequenos e na idade reprodutora, um dos ovários pode ser preservado, a fim de não colocá-las em menopausa cirúrgica.

Laser terapia é em alguns casos usada. Depende da disponibilidade do aparelho e custos. Não há diferença em acuracidade.
Exenteração pélvica. Consiste na realização da histerectomia radical, acompanhada da remoção do reto e/ou da bexiga, quando esses órgãos estão invadidos. Alguns casos se beneficiam de tal radicalidade.
A radioterapia consiste no uso de raios-x ou outras formas de irradiação em alta energia. A finalidade do seu uso é a de matar as células tumorais e encolher o tumor.

Pode ser:

Externa - Administrada através de um aparelho que irradia raios energéticos.
Interna - Usa substâncias radio ativas inseridas dentro da vagina , ficando em contato com o tumor , localizado no colo do útero.
Há casos que necessitam associar o uso da cirurgia e da radioterapia.

Quimioterapia tem sido usada com maior freqüência. As drogas são administradas por via oral ou endo venosa. Seu uso, pré tratamento cirúrgico e/ou radioterápico, cada vez mais está sendo preconizado, com a descoberta de novas drogas efetivas contra as células malignas do colo do útero.

O tratamento varia conforme o estádio em que a doença foi diagnosticada.

De uma maeira geral, desde que cada caso deve ser abordado particularmente temos:

ESTADIO O:

Conização por bisturi de alta freqüência ou amputação cônica cirúrgica;
Cirurgia por laser;
Histerectomias para mulheres que não podem ou não querem mais filhos.
ESTADIO IA:

Amputação cônica do colo do útero ( em casos selecionados );
Histerectomias totais ou radicais;
Radioterapia ( em casos inoperáveis ).
ESTADIO IB, IIA, e alguns casos selcionados IIB :

Histerectomia radical (cirurgia de Wertheim-Meigs)
Radioterapia;
Associação dos dois métodos acima.
ESTADIO IIB, IIIA, IIIB, IVA E IVB :

Radioterapia;
Quimioterapia;
Exenteração pélvica.
RECIDIVAS:

Quimioterapia;
Cirurgia;
Exenterações.

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